quarta-feira, 31 de outubro de 2012

“As Idades do Mar” em exposição

O Museu Gulbenkian está a apresentar até 27 de Janeiro de 2013 na Sala de Exposições Temporárias do seu edifício-sede, a exposição "As Idades do Mar", que reúne 108 obras criadas entre os séculos XVI e XX, provenientes de meia centena de instituições nacionais e estrangeiras, com destaque para a própria Fundação Gulbenkian e para o Museu d’Orsay. As obras expostas centram-se nas representações físicas e simbólicas do mar, através de artistas como Monet, Klee, Turner, Manet, Friedrich, Ingres, Guardi e De Chirico, entre muitos outros, enquanto a pintura portuguesa está representada por Amadeo de Souza-Cardoso, Vieira da Silva, João Vaz, José Malhoa, Noronha da Costa, António Carneiro e outros.
O curador da exposição é João Castel-Branco Pereira, director do Museu Gulbenkian, e a exposição desenvolve-se em seis núcleos distintos: A Idade dos Mitos; A Idade do Poder; A Idade do Trabalho; A Idade das Tormentas; A Idade Efémera; A Idade Infinita. Em torno da exposição realizam-se três conferências sobre iconografia do mar na azulejaria, na tapeçaria e na pintura, a realizar nos dias 5, 12 e 26 de Novembro, às 18:00 horas, no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian.
Uma bela exposição a não perder, como costumam dizer na televisão.

O projecto Ocean Revival prossegue

A nossa RUA DOS NAVEGANTES divulgou no dia 3 de Abril as características do projecto Ocean Revival, que se desenvolve ao largo de Portimão, com o objectivo de criar um núcleo de recifes artificiais a partir de quatro navios afundados com esse fim específico, que se constituirão como um espaço museológico subaquático, vocacionado para o turismo de mergulho. Nessa altura, já se encontravam em Portimão dois desses navios para serem descontaminados antes de serem afundados.
Cerca de 7 meses depois, no dia 30 de Outubro, concretizou-se o afundamento desses dois navios - corveta Oliveira e Carmo e navio-patrulha Zambeze. De manhã foi afundada a corveta Oliveira e Carmo, com 86 metros de comprimento e 1380 toneladas de deslocamento, depois do seu interior ter recebido 220 toneladas de betão para assegurar que o navio afundasse sem adornar. O afundamento aconteceu depois da detonação de quatro cargas explosivas de corte que permitiram a entrada de água e levaram o navio para o fundo na posição planeada. À tarde foi afundado o navio-patrulha Zambeze, com 44 metros de comprimento e 292 toneladas de deslocamento, numa operação que decorreu de forma semelhante.
Segundo os responsáveis pelo projecto Ocean Revival, os navios ficaram a 30 metros de profundidade, com a parte mais alta do mastro a 15 metros da superfície. A esta profundidade o tempo médio de mergulho será de cerca de 40 minutos, pelo que serão precisos quatro ou cinco mergulhos para que um mergulhador possa visitar cada navio. Em tempo de crise, é animador imaginar que a viabilidade financeira do projecto parece estar assegurada, o que será uma boa notícia para a economia portuguesa.


Um festival de cozido à portuguesa

Está anunciado para o período que decorrerá entre os dias 8 e 11 de Novembro, o Festival do Cozido Ribeirinho, uma iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Loures e pela Junta de Freguesia de Sacavém, que decorrerá em Sacavém, na área ribeirinha do rio Trancão. De acordo com o programa que está divulgado, o festival estende-se por diferentes atracções, onde se incluem restaurantes, artesanato, animação infantil, música ao vivo, magusto e petiscos.
Diariamente, das 12:00 às 23:00 horas, junto à zona ribeirinha de Sacavém, poderemos conhecer o Festival do Cozido Ribeirinho, que a organização afirma ser “o melhor Festival de Cozido do País”. Provavelmente é uma boa oportunidade para os apreciadores da boa gastronomia e, naturalmente, eu próprio não deixarei de ir conhecer esse “cozido ribeirinho”.

domingo, 28 de outubro de 2012

Um novo especialista de maratonas

Os tempos estão difíceis mas, apesar disso, o nosso contabilista-mor não só dirige as nossas Finanças Públicas, como ainda tem tempo para comentar a corrida da maratona. Na realidade, segundo disseram os jornais e a televisão mostrou, durante uma prelecção feita aos deputados da maioria nas respectivas jornadas parlamentares conjuntas, afirmou que Portugal já realizou dois terços do seu processo de ajustamento e está agora como um atleta na fase final da maratona. Depois fez uma analogia entre o processo de ajustamento que tem conduzido e a corrida da maratona, dizendo que Portugal já fez "dois terços da maratona", ou seja, está "por volta do 27º quilómetro" e a aproximar-se da parte final da corrida. Ora não é isso o que vemos, ouvimos e lemos! Nem é isso o que ele diz quando ameaça subir ainda mais os impostos. Depois, continuou a dissertar sobre a corrida da maratona e disse que os maratonistas não desistem ao 27.º quilómetro, mas apenas entre o 30.º e o 35.º quilómetro, quando se apresentam os maiores desafios aos maratonistas, tal como acontece com um programa de ajustamento. Durante esta parte do seu discurso, o novo especialista de maratonas assinalou que Portugal tem "uma maravilhosa tradição de corredores de maratona" e sabe, por isso, "o que significa correr e triunfar na maratona".
Que grande confusão! Esta analogia da maratona é muito infeliz. Quando há mais de dois mil anos os gregos ganharam a batalha da Maratona, foi ordenado ao soldado Filípides que corresse até Atenas, situada a cerca de 42 km, para levar a notícia da vitória sobre os persas. Filípides correu essa distância tão rapidamente quanto pôde e, ao chegar, apenas conseguiu dizer "vencemos", caindo morto devido ao esforço dispendido. Também em 1912 na edição da maratona olímpica de Estocolmo, o português Francisco Lázaro morreu durante a prova. Significa que a morte já atraiçoou alguns maratonistas. Esperemos que isso não aconteça com a nossa ”maratona”.

sábado, 27 de outubro de 2012

Portugal: o país que queremos ser

No próximo dia 3 de Novembro vai realizar-se na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, por iniciativa da Comissão Nacional de Justiça e Paz, uma conferência com o sugestivo título “Portugal: o país que queremos ser”.
Trata-se de uma conferência que pretende ser um contributo para o reforço da nossa confiança num futuro de justiça e de paz, mas será também uma oportunidade para ouvir as reflexões de algumas das mais respeitadas personalidades da nossa vida cívica, como Ramalho Eanes, Oliveira Martins, Bruto da Costa, Laborinho Lúcio, Gomes Canotilho, Seixas da Costa, Manuela Silva, entre outros.
Estamos a viver um tempo de incerteza e de grande dificuldade, curvados ao peso das dívidas e dos nossos erros, humilhados no nosso orgulho nacional, envolvidos em elevados níveis de turbulência e com o pensamento atrofiado pelo excessivo ruído que uma comunicação social sensacionalista se encarrega de ampliar e, por isso, esta iniciativa nascida do empenhamento e da sabedoria de instituições e personalidades da nossa sociedade civil, é notável e justifica as nossas melhores expectativas. A Comissão Nacional de Justiça e Paz está de parabéns por esta iniciativa que se afigura poder ser um estímulo para encarar e resistir aos dias e aos tempos que hão-de vir. A conferência inicia-se às 10:00 horas, a entrada é livre e é vivamente recomendável.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Afinal quem é que manda nesta freguesia?

Não é necessário recorrer a quaisquer indicadores para perceber que a nossa situação económica e social se está a degradar diariamente, bastando andarmos pelas ruas para vermos os efeitos de uma crise persistente, com os desempregados encostados às paredes, as pessoas a mendigar, o pequeno comércio a encerrar portas, os edifícios a degradarem-se, os jovens a abandonar o país e a falta de confiança espelhada no rosto das pessoas, cada vez mais assustadas e descrentes. Há quem diga que a austeridade nos está a matar. Os cenários que nos desenham não são credíveis e todas as previsões económicas falham. Os nossos dirigentes enganaram-nos e não nos dão verdadeiros exemplos mobilizadores. Limitam-se a aumentar impostos e a cortar salários e pensões. Não fazem outra coisa. Não têm experiência e não conhecem o país. Esquecem que são os portugueses e não os especuladores gananciosos que estão em primeiro lugar. Disseram uma coisa e têm feito outra. Descaradamente. Insensatamente. Irresponsavelmente. Os outros políticos também parecem não compreender o que se passa, absorvidos pela clubite partidária. Os discursos que ouvimos são contraditórios, com apreciações que variam do óptimo ao péssimo. As notícias que nos chegam de fora também não são animadoras. Não há verdadeiras soluções para o crescimento e o emprego ou para o défice público e a dívida. Em vez de nos darem ânimo e confiança, ameaçam-nos com mais austeridade.
Nesse quadro de progressiva recessão económica, de aumento da pobreza e da decadência social, temos Abebe Selassie, o homem do FMI que lidera a missão da troika em Portugal, a produzir declarações no Diário Económico que revelam duas coisas muito preocupantes: a primeira, é que os nossos governantes se tornaram meras figuras decorativas perante as entidades que constituem a troika e, a segunda, é que de facto não somos dirigidos por um primeiro-ministro ou por um governo por nós eleito, mas por um pequeno grupo de técnicos/dirigentes que, qual cavalo de Tróia, estão infiltrados no governo com bandeirinha na lapela, a representar e a defender os interesses da troika.

Relvas & companhia: vão estudar!

O conhecimento e o saber são instrumentos de promoção económica e social mas, para muitas pessoas, não é isso que conta mas tão só a posse de um qualquer certificado, que eventualmente os habilite a um bom emprego mas, sobretudo, que assegure o reconhecimento da sociedade. No nosso país, esse certificado é o diploma de licenciatura, porque ser doutor representa um estatuto e poucos resistem a esse apelo, provavelmente por razões de falta de escrúpulos e de pouca inteligência. Porém, enquanto antigamente as licenciaturas representavam quatro ou cinco anos de muito trabalho e estudo, agora parece ter-se tornado possível a obtenção desse certificado através de esquemas muito controversos e que, seguramente, devem envolver dinheiros, subornos, corrupção e tráfico de influências. O caso relvas é um dos casos mais conspícuos desta trapalhada, pois em 2006 obteve 32 equivalências com base no seu currículo profissional, tendo apenas feito quatro exames para concluir num ano o curso de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Lusófona. De resto, esta escola tornou-se uma verdadeira oficina de doutores e, nesta altura, já terão sido detectados 350 casos ou processos aparentemente viciados, nos quais metade terá concluído o curso em menos de um ano, embora haja quem o tenha feito em menos de 20 dias e, até, em menos de 24 horas.
A licenciatura de Relvas está em risco, escreve o jornal i. O Ministério da Educação já obrigou a Universidade Lusófona a reavaliar todas as licenciaturas que foram atribuídas com recurso ao golpe da creditação profissional. No entanto, os estudantes a quem for retirada a licenciatura poderão “retomar o percurso académico de forma a obter o grau”, o que significa que pode vir a concretizar-se o apelo que neste Verão surgiu em cartazes que observamos nas transmissões televisivas das grandes provas desportivas: Relvas vai estudar!
 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Os Fantasmas do Rovuma

É um livro que é um excelente trabalho de reportagem ou de narrativa histórica da autoria do jornalista Ricardo Marques, baseado em documentos muito diversos, incluindo livros, testemunhos escritos, cartas e memórias publicadas em jornais e revistas, mas também em informações recolhidas junto de especialistas. Tem por título Os Fantasmas do Rovuma e trata de uma das mais humilhantes e menos conhecidas campanhas militares em que os portugueses estiveram envolvidos ao longo da sua centenária história e que decorreu no norte de Moçambique entre 1914 e 1918, no período em que se travou a I Guerra Mundial.
No contexto geopolítico da época, o governo português decidiu enviar expedições militares para as suas fronteiras com os territórios coloniais alemães, para assegurar a protecção das suas fronteiras. Assim, para o norte de Moçambique seguiram sucessivamente quatro expedições militares que se instalaram sobretudo junto às margens do rio Rovuma, que separava os territórios portugueses da Companhia do Niassa dos territórios da África Oriental Alemã. Inicialmente as tropas portuguesas tomaram Quionga e chegaram a ocupar alguns postos militares no território alemão, mas depois foram dizimados pelas marchas e pela fome, pela sede e pela doença e, por vezes, também pela acção dos homens do famoso general von Lettow-Vorbeck. Mais do que um desastre militar, aquelas expedições foram uma tragédia humanitária que Os Fantasmas do Rovuma bem documentam.
Para quem gosta de História e, para quem como nós - cinquenta anos depois - esteve no cemitério de Quionga e na foz do Rovuma, este livro é um documento essencial para melhor compreender uma das mais negras páginas da nossa história.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Espanha entre centralismo e soberanismo

As eleições regionais que ontem se realizaram na Galiza e no País Basco, tiveram os resultados esperados ao confirmarem a maioria de quem já governava, mas vieram acentuar a complexidade da situação política espanhola e revelar tendências de sinal contrário.
Na Galiza, o PPG (Partido Popular Galego) conseguiu manter a presidência do governo autónomo e revalidar a maioria absoluta no parlamento daquela região espanhola (41 dos 75 deputados), com uma campanha que defendia as políticas de austeridade preconizadas por Madrid, num claro apoio ao centralismo de unidade nacional de Mariano Rajoy, que é natural daquela região autónoma.
No País Basco a vitória pertenceu ao PNV (Partido Nacionalista Basco) com 27 deputados, embora tivesse ficado aquém da maioria absoluta e, consequentemente, tenha necessidade de negociar com outros partidos para formar governo. Duas alternativas são possíveis: a coligação Euskal Herria Bildu, herdeira do ilegalizado partido Batasuna (21 deputados), que foi a segunda força mais votada ou o PSV (Partido Socialista Basco), com 16 deputados. Os observadores parecem apostar numa coligação entre o PNV e o E. H. Bildu, o que representará uma pressão para a realização de um referendo para decidir sobre a independência do País Basco, semelhante ao que está a suceder na Catalunha, onde serão realizadas eleições em Novembro.
Em Espanha, a situação económica e social está muito difícil, mas a situação política também está muito complexa e não lhe podemos estar indiferentes.

domingo, 21 de outubro de 2012

Para quê tantos estudos?

De acordo com a edição de hoje do Correio da Manhã, a proposta de orçamento do Estado para 2013 inclui uma verba de 86 milhões de euros destinada a estudos, pareceres, projectos e consultadoria. Embora este montante represente um decréscimo de cerca de 14 milhões relativamente ao ano anterior, há alguns ministérios que vão gastar mais dinheiro na contratação de estudos, nomeadamente o Ministério da Justiça.
Em tempo de vacas magras é um caso muito estranho, até porque desde há muitos anos que existem suspeitas de que esta despesa constitui um desperdício e uma forma de ajudar os negócios dos amigos. De facto, esta rubrica orçamental tem sido sempre criticada porque, objectivamente, tem servido para alimentar escritórios de advogados, gabinetes técnicos diversos e empresas de consultoria, para além de ajudarem a aumentar as contas bancárias de muita gente. O Estado possui um verdadeiro batalhão de técnicos superiores altamente qualificados em todos os domínios e, esta decisão não é apenas um descarado favorecimento dos amigos, mas é também uma evidente desconsideração desses técnicos.  
Em tempos estes gastos foram tidos como gorduras do Estado e, por isso, esperava-se que o discurso moralizador do passos-gasparismo pusesse um travão nesta escandalosa sangria dos nossos dinheiros, mas até neste domínio é evidente que esta gente é forte para com os fracos e fraca para com os fortes. É caso para perguntar: para quê tantos estudos?

sábado, 20 de outubro de 2012

Uns contabilistas muito teimosos

O jornal i informa hoje que a troika obriga Portugal a pagar juros de dinheiro que não utiliza, o que constitui uma atitude hostil e brutal para um país em dificuldade e que é membro das três entidades que compõem a troika.
O programa de assistência financeira a Portugal assinado em Maio de 2011 prevê um empréstimo de 78 mil milhões de euros, em que se inclui uma fatia de 12 mil milhões de euros destinados ao sector financeiro para reforço dos seus capitais ou, dito de maneira mais directa, para tapar os buracos a que conduziu a má gestão bancária e a sua ganância do lucro. Desta fatia de 12 mil milhões de euros, o Estado injectou este ano 4,5 mil milhões de euros no BCP e no BPI, enquanto os restantes 7,5 milhões estão depositados numa conta bancária no Banco de Portugal.
É sabido que, conforme revelou o nosso contabilista-mor, vamos pagar 34,4 mil milhões de euros em juros correspondentes à utilização integral do crédito de 78 mil milhões de euros. Porém, ao contrário do que estava previsto, o pagamento de juros à troika está a incidir sobre a totalidade dos 12 mil milhões de euros e não apenas sobre o montante utilizado até agora, isto é, a troika obriga Portugal a pagar juros de dinheiro que de facto não utiliza. Vergonhosamente, os nossos contabilistas não protestam. Eles são mais trokistas que a troika. São amigalhaços.
Esta é apenas uma das várias intransigências da troika, mas também é um sinal revelador da necessidade de serem renegociadas a dívida e o défice, mas também a arquitectura do programa de ajustamento, pelos maus resultados que estão a produzir. Com negociadores patriotas. Quando se ouve o antigo ministro Cadilhe a defender que Portugal deve fazer a renegociação honrada da dívida, isto é, deve tentar renegociar a dívida com a troika, para um prazo muito mais alargado e com uma taxa de juro mais suportável, estou (por uma vez) de acordo com ele. Mas os nossos contabilistas sempre disseram que queriam ir mais longe do que a troika.
 .

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Heros of Porto

Na passada terça-feira realizou-se no Porto, um desafio de futebol entre as selecções de Portugal e da Irlanda do Norte, integrado na fase de grupos de apuramento para o Campeonato do Mundo a realizar no Brasil em 2014.
No ranking da FIFA a selecção portuguesa ocupa o 3º lugar, enquanto a equipa da Irlanda do Norte se encontra no 117º e, por isso, o favoritismo estava todo do lado português, com um estádio cheio de público a incentivar a equipa onde brilham algumas das estrelas do futebol mundial. A divulgação e a promoção publicitária do jogo tinha gerado uma onda de entusiasmo e de confiança, pelo que ninguém esperava outro resultado que não fosse uma vitória de Ronaldo, Nani, Pepe e Bruno Alves.
Porém, o futebol não é uma ciência exacta e depende de muitos factores, sobretudo do valor dos jogadores, do treino de conjunto, da inspiração individual de cada jogador e da táctica adoptada para dominar o adversário.
No fim do jogo o resultado foi um empate a um golo, que chocou os adeptos portugueses e que começa a comprometer a presença da selecção portuguesa no Brasil em 2014. Quando a selecção ganha a nossa imprensa endeusa os jogadores, mas desta vez foi o jornal Belfast Telegraph que trata os seus jogadores como heróis e anuncia em primeira página:
Heros of Porto… Northern Ireland earn shock draw in Portugal



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Os especuladores não cedem à Argentina

O navio-escola argentino Libertad fazia a sua habitual viagem de instrução anual, tendo a bordo mais de trezentos tripulantes e alunos, incluindo cadetes de outros países sul-americanos. O navio tinha largado de Buenos Aires no dia 2 de Junho e, no dia 2 de Outubro, encontrava-se no porto de Tema, nas proximidades de Accra, a capital do Ghana. Foi aí que o navio foi surpreendido por uma ordem judicial emitida pelo Supremo Tribunal do Ghana que o impedia de sair do porto, dando provimento a uma queixa apresentada por um grupo de investidores das Ilhas Cayman, agrupados no Fundo NML, que é controlado pelo especulador internacional Paul Singer e que reclama o pagamento pela República Argentina de cerca de 370 milhões de dolares. Era o arresto ou uma quase penhora de um navio da Marinha de Guerra Argentina! O Fundo NML tem procurado apropriar-se judicialmente de bens argentinos no estrangeiro (aviões, agências bancárias e até o património da família Kirchner), no sentido de ser ressarcido do dinheiro que emprestou à República Argentina e, agora, escolheu o Libertad como alvo. Porém, o Fundo NML não aceitou participar no sindicato que em 2005 e 2010 possibilitou a reestruturação da dívida externa argentina, que permitiu superar a situação de bancarrota declarada em 2001, tendo por isso ficado fora do plano de pagamentos argentino. É, portanto, um caso de vingança a demonstrar a força dos especuladores internacionais!
Para a Argentina está-se perante uma grosseira violação da Convenção de Viena, uma vez que os navios militares estão protegidos por imunidade diplomática, pelo que está ser pedido o apoio dos países amigos. O facto é que desde então, a imprensa argentina tem acompanhado o caso com muita emoção, interrogando-se sobre as condições em que o Libertad foi apanhado nesta delicada questão judicial. O navio está atracado em Tema há duas semanas e o Chefe da Marinha Argentina já se demitiu. Entretanto há quem lamente a política da Presidente Cristina Kirchner que reivindica as Malvinas e que nacionalizou a espanhola Repsol, o que representa o isolamento argentino em relação ao apoio que poderiam receber do Reino Unido e da Espanha.  

Scotland 2014 - a independência?

Há uma onda de nacionalismo que está a atravessar a Europa que tem raízes históricas, mas que também é uma consequência da fraqueza da União Europeia e da profunda crise institucional e financeira em que está mergulhada. O projecto de solidariedade europeu está em risco e volta a falar-se numa Europa a duas velocidades, na saída voluntária de alguns dos seus Estados-membros, na sua total fragmentação ou até no fim do próprio ideal europeu e do sonho de Jean Monnet, Robert Schuman e Konrad Adenauer. Depois de meio século em que a ideia federalista se aprofundou à custa das soberanias nacionais, os interesses e as opiniões públicas nacionais estão a reagir contra os projectos hegemónicos que, até há bem pouco tempo, eram corporizados pelo eixo franco-alemão e, em particular, pela chanceler Merkel.
O nacionalismo é uma ideologia que defende os interesses da nação antes de quaisquer outros, sobretudo a defesa do seu território, da sua identidade e da sua população – unida por tradições, língua, cultura, religião ou interesses comuns – e constituindo uma individualidade territorial e política com direito de se auto-determinar.
A Europa sempre foi uma Europa de Nações, com afinidades e rivalidades, que tantas vezes se guerrearam, se uniram em espaços imperiais ou se sujeitaram a tutelas supra-nacionais. Nas actuais condições, a onda de nacionalismo europeu está a renascer em Espanha, França, Bélgica, Itália e Reino Unido, entre outros países. O acordo assinado entre o primeiro-ministro britânico David Cameron, e o ministro britânico para a Escócia, Alex Salmond, para a realização de um referendo em 2014 com uma só pergunta – Independência? Sim ou Não – vai permitir que os 5 milhões de escoceses decidam se querem ou não desligar-se do Reino Unido, ao qual estão ligados há três séculos. Foi um dia histórico para os escoceses, como salientou o jornal The Scotsman de Edimburgh.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A equidade do passos-gasparismo

O jornal Correio da Manhã anuncia hoje que “Gaspar esconde salários milionários” e que se tem recusado a divulgar os vencimentos auferidos por altos cargos da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, E.P.E., que é a nova designação do antigo Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, I.P. Esta entidade foi criada no passado mês de Agosto, tem natureza empresarial, é dotada de autonomia administrativa e financeira e compete-lhe gerir de forma integrada, a tesouraria, o financiamento e a dívida pública directa do Estado.
Segundo o Correio da Manhã, com base na conversão do IGCP em empresa pública, o seu presidente e um vogal passaram a beneficiar de um regime remuneratório de excepção que lhes permite optar pelo salário médio dos últimos três anos. Assim, ambos auferem salários superiores ao do primeiro-ministro e, no caso do presidente do IGCP, o seu rendimento anual rondará os 300 mil euros.
Estes são mais alguns dos privilegiados do passos-gasparismo, isto é, são pessoas que embora desempenhem funções públicas, não abdicam de salários muito elevados nem de grandes mordomias, nem têm cortes de subsídios e, por vezes, nem sequer competência têm. Já havia dessa gente no BdP, na CGD, na RTP e em outras empresas, mas agora até na IGCP. É a equidade gaspariana. Como se vê, a tão falada equidade na repartição de sacrifícios não passa de propaganda.

Açores 2012 - um discurso de esperança

Realizaram-se ontem as eleições regionais na Região Autónoma dos Açores e o Açoriano Oriental – o jornal fundado em 1835 e que é o mais antigo jornal português - apresenta os resultados e, em primeira página, destaca que “açorianos dão maioria saborosa ao PS”. De facto, o Partido Socialista renovou a sua maioria absoluta ao conseguir eleger 31 deputados dos 57 mandatos regionais e ao vencer em oito das nove ilhas. Vasco Cordeiro sucede a Carlos César no Palácio de Sant’Ana e vai completar um ciclo de 20 anos de governação, exactamente o mesmo período em que o PSD governou o arquipélago a partir de 1976.
No seu discurso de vitória, o futuro presidente do governo regional reafirmou que vai enfrentar os desafios que os Açores têm pela frente “sem deixar ninguém para trás” e destacou “que os desafios são a criação de emprego, o apoio às famílias e empresas, a defesa dos idosos e a ajuda aos sectores mais fragilizados, mantendo esse grande activo que é a gestão rigorosa e equilibrada das finanças públicas”. Afirmou, ainda, que “todos são bem-vindos nesta tarefa que agora lideramos de levar os Açores para a frente”.
É um discurso mobilizador e de esperança, com uma marcada vertente social e de convergência política, que se distingue do palavreado vazio, do sectarismo, da arrogância e do discurso socialmente insensível do governo de Lisboa, sempre obediente às directivas da troika. Seria muito bom que o anticiclone dos Açores gerasse um vento que empurrasse essa sensibilidade social para o rectângulo, onde as pessoas são cada vez mais tratadas como unidades fiscais.

domingo, 14 de outubro de 2012

A cotação da arte contemporânea

Na passado dia 12 de Outubro em Londres, a leiloeira Sotheby's levou a leilão uma pintura abstracta do artista plástico alemão Gerhard Richter, que rendeu 26,4 milhões de euros e bateu todos os recordes de venda para um artista vivo. Trata-se de uma pintura a óleo sobre tela de 1994, intitulada Abstraktes Bild, que pertencia à colecção privada do músico Eric Clapton e que foi comprada por um anónimo ao fim de uma renhida disputa entre dois candidatos.
Richter nasceu em 1932 na cidade de Dresden e é considerado pelos críticos como o “Picasso do século XXI”, com uma obra altamente cotada. Desde que a crise económica e financeira se instalou na Europa que as obras de arte estão sendo cada vez mais encaradas como investimentos seguros e, por isso, o valor de aquisição de Abstraktes Bild superou as estimativas originais, que apontavam para que o preço do quadro se situasse entre os 11 e os 15 milhões de euros.
Gerhard Richter é pouco conhecido em Portugal e expôs em Lisboa apenas uma vez, no ano de 2004, quando se apresentou no MNAC — Museu do Chiado, mas a sua exposição só foi vista por 14 mil visitantes, o que na altura foi interpretado como um sinal do desfasamento entre o conhecimento dos nossos públicos e as programações da arte contemporânea.

sábado, 13 de outubro de 2012

Um orçamento demolidor

O anúncio das linhas orientadoras do Orçamento do Estado para 2013 provocou uma generalizada onda de apreensão em todos os sectores da sociedade portuguesa que os jornais e as televisões têm destacado. Alguns títulos são bem expressivos:
Nem os funerais escapam. A marretada de Gaspar na classe média. Novo IRS esmaga famílias. Dói.
As declarações críticas sucedem-se a partir de todos os quadrantes políticos: ofensa ao povo português, sismo fiscal, arma de arremesso mortífero, bomba atómica, devastador, reconhecidamente penoso. É o enorme aumento do IRS através da alteração de escalões e a brutal redução dos contratos a termo na função pública. São os subsídios de desemprego e de doença que passam a pagar impostos, as avaliações de casas que fazem disparar o IMI, o fim das deduções e dos benefícios fiscais. São as privatizações e as concessões que desafiam as regras da boa gestão económica.
Faz impressão ver o governo anunciar aumentos de impostos quase todas as semanas, sem qualquer sensibilidade social e a revelar incompetência e impreparação. São uns contabilistas da treta e nem sequer são um grupo de bons rapazes. Navegam à vista e revelam que actuam sem estratégia, sem terem avaliado o seu programa, as medidas, os efeitos e os riscos das suas políticas. Governam numa humilhante sujeição à troika e aos seus funcionários. Impõem uma austeridade que nos entala e a sua receita não é apenas um disparate económico, mas é também uma ratoeira que empobrece o país, que aumenta o desemprego, que agrava a dívida pública, que leva as empresas à falência, que esmaga as famílias e que destrói a coesão social. Esta austeridade mata-nos e fere a dignidade de uma nação com nove séculos de história, devido à ignorância desta rapaziada que circula à volta do gaspar. Há que pagar as dívidas? Claro, mas há que adoptar outros caminhos.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Os carros de luxo dos nossos deputados

O grupo parlamentar do PS gastou 210 mil euros para renovar a sua frota automóvel! A notícia é avançada na edição de ontem do Jornal de Notícias, que informa que os quatro carros adquiridos são topo de gama e foram comprados com dinheiro do orçamento da Assembleia da República. Sendo assim, numa altura em que sou apertado de toda a maneira e em que a minha bolsa já não aguenta mais assaltos, esta decisão é uma verdadeira afronta e uma falta de respeito para com os contribuintes. São gastos absurdos em tempo de crise. Não me interessa saber se o Audi A5 e os três VW Passat foram comprados ou se estão em regime de aluguer de longa duração. Nem me interessa saber se os deputados participam ou não “diariamente em actividades da sociedade civil em todo o país”, como salientou o líder parlamentar. Nem me interessa que invoquem que é um custo da democracia. “Quem não tem cão caça com gato” ou “quem não tem dinheiro não tem vícios”. Aos deputados exige-se bom trabalho, devoção à causa pública e a transmissão de bons exemplos à sociedade. Os deputados devem ser contidos e devem ser exemplares, mas o ofício sobe-lhes à cabeça. Deslumbram-se. Esta atracção dos parlamentares por carros de luxo pagos com dinheiro dos contribuintes é chocante. No ano passado, de uma só vez, foram comprados 14 automóveis que custaram 900 mil euros. Às vezes penso que muitos dos nossos deputados nem sabem o que andam a fazer lá por São Bento, para além de alimentar as suas vaidades e de pensarem em carros de luxo.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O mau exemplo dos deputados-golfistas

Muitas vezes há pequenas notícias que têm a capacidade de nos impressionar, não tanto pelo seu conteúdo objectivo, mas sobretudo pelo seu valor simbólico. Assim acontece com uma notícia que o jornal i publica hoje na sua primeira página:
“Orçamento da Assembleia pagou torneio de golfe para deputados”.
De acordo com essa notícia a Associação dos ex-Deputados do Parlamento (AEDAR) e o Grupo Desportivo receberam nos últimos cinco anos cerca de 286 mil euros do orçamento da Assembleia da República. No corrente ano, quando se esperava contenção e bons exemplos, a mesma Assembleia da República decidiu voltar a financiar um torneio de golfe para deputados, na Quinta da Marinha, que se realizou entre os dias 11 e 13 de Julho, tendo a AEDAR recebido 42,5 mil euros, enquanto o Grupo Desportivo recebeu 15,2 mil euros.
Ninguém põe em causa que os nossos deputados e os ex-deputados tenham uma associação, nem que organizem torneios de golfe, de xadrez ou de bisca. Isso é lá com eles, desde que os paguem com o seu dinheiro. Porém, esta iniciativa ilustra a falta de sensibilidade e até de valores dos nossos deputados golfistas, bem como de quem gere o orçamento parlamentar. Quando se cortam os salários e as pensões, quando se anuncia uma razia na função pública e se aumentam os impostos, os transportes, as taxas moderadoras e tantas coisas mais, a nossa classe política não prescinde de jogar golfe na Quinta da Marinha à custa do erário público. É difícil classificar a maneira como esta gente gasta o nosso dinheiro e dá tão maus exemplos à sociedade. Como diria um amigo meu, é preciso ter muita lata!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O uso do poder para fazer negociatas

O jornal Público noticiou hoje que o nosso primeiro administrou uma empresa que cresceu com fundos comunitários geridos pelo relvas. Essa empresa, chamada Tecnoforma, dominou um programa de formação profissional destinado a funcionários das autarquias - o programa Foral - tutelado pelo Secretário de Estado da Administração Local, que era exactamente o relvas. Os números são esmagadores: só em 2003, à Tecnoforma couberam 82% do valor das candidaturas de empresas privadas na região Centro que foram aprovadas, e, entre 2002 e 2004, a mesma empresa beneficiou de 63% dos projectos privados que foram aprovados por esse programa. Foi nesse contexto que, conforme diz o Público, “a Tecnoforma conseguiu a parte de leão do negócio”. Muitos milhões de euros.
Porém, uma desgraça nunca vem só. No dia 5 de Outubro, também o jornal Correio da Manhã, publicou uma notícia a informar que uma empresa de António Borges, actual consultor do governo para as privatizações, foi contratada pela Parpública, uma sociedade que gere participações sociais de capitais exclusivamente públicos e que actua em processos de empresas que estão a ser privatizadas. É um assunto a esclarecer.
Neste quadro de pouca transparência e de pouca devoção à causa pública, também essa eminência que dá pelo nome de moedas, parece não perder oportunidades. Agora veio a saber-se que tem três empresas ligadas às Finanças, aos Seguros e à Imagem e Comunicação, que têm como clientes a REN, a EDP, o IAPMEI, a ANA, entre outras empresas. Uma verdadeira sorte grande, mas também um caso de promiscuidade.
Será que tudo isto é verdade?
É preciso saber se há quem se aproveite do poder para fazer negociatas.

domingo, 7 de outubro de 2012

A minha língua é uma parte da minha identidade

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é um tratado assinado pelos países lusófonos, cujo objectivo é a criação de uma ortografia unificada para ser usada por todos os países de língua oficial portuguesa. No caso de Portugal, o Acordo foi aprovado em 1991 pela Assembleia da República, entrou em vigor no dia 13 de Maio de 2009 e, até 2015, decorrerá um período de transição, durante o qual ainda se pode utilizar a actual grafia. Entretanto, o governo decidiu que, a partir de 1 de Janeiro de 2012, todos os serviços, organismos e entidades na sua dependência, bem como o Diário da República, passassem a utilizar as regras do novo Acordo.
A questão do novo Acordo Ortográfico é um tema que tem suscitado muita discussão mas que não me tem interessado, porque não domino os critérios fonéticos e etimológicos subjacentes, mas também porque estou convencido de que não alterarei a minha forma de escrever. A minha língua e a minha escrita maternas fazem parte da minha identidade e não se muda por decreto aquilo que nós somos. Eu posso, ou não, falar inglês ou francês, mas é sobretudo em português que organizo os meus pensamentos, os meus sentimentos e a minha compreensão do mundo. Podem assinar todos os acordos ortográficos, melhores ou piores, mas eu continuarei a escrever afecto, baptismo, colecção, electricidade, projecto ou rectângulo, como sempre fiz. Será o tempo que, eventualmente, me fará adaptar a uma outra ortografia e não os decretos.
A língua portuguesa faz parte da minha identidade mas é, também, um património universal partilhado por muitos milhões de pessoas. Por isso, me entristeço quando vejo a prestigiada editora Larousse a esquecer essa realidade e a ceder aos interesses comerciais, publicando um dicionário français-brésilien/brésilien-français, como se a minha língua já não existisse.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Vem Cantar: a canção portuguesa em Goa

No próximo domingo realiza-se no auditório da Kala Academy na cidade de Pangim, a capital do Estado de Goa, as provas finais de um interessantíssimo concurso de canções portuguesas intitulado Vem Cantar - Concurso da Canção Portuguesa 2012.
O concurso realizou-se pela primeira vez em 1998 por iniciativa do Rosary College of Commerce and Arts de Navelim, no sul de Goa. No ano seguinte, através da sua delegação em Goa, a Fundação Oriente associou-se àquela iniciativa e, desde então, o concurso ganhou dimensão, qualidade e notoriedade. De Mariza a Roberto Carlos, passando por Rui Veloso, Amália, José Afonso e Madredeus, a canção em português desperta um crescente interesse em Goa, não só entre os luso-falantes, mas também em outros sectores da população que, depois de terem rejeitado a língua portuguesa enquanto língua de dominação colonial, se têm reaproximado da língua e da cultura lusíada, até como forma de afirmação na sociedade goesa.
Nesta 15ª edição do concurso Vem Cantar, o número de participantes aumentou significativamente para 37 indivíduos e 23 grupos, tendo havido necessidade de eliminatórias preliminares no Palácio dos Maquineses em Pangim e no Clube Harmonia em Margão. Tanto quanto sabemos, este tipo de iniciativa não se realiza em nenhuma outra comunidade ou espaço lusófonos e acontece porque a memória portuguesa em Goa está viva.

O ideal republicano pertence ao povo

Decorreu hoje o 102º aniversário da implantação da República e as tradicionais celebrações populares, cujo ponto mais alto costumava ser a cerimónia do hastear da bandeira nos Paços do Concelho – exactamentre da mesma varanda de onde os revolucionários republicanos proclamaram o novo regime – foram oficialmente substituídas por uma cerimónia singela no Pátio da Galé, em espaço fechado, com uma assistência seleccionada e às escondidas do povo. Inacreditável. Alguém assim decidiu, certamente para não ouvir os protestos e os apupos que estão a perseguir os nossos dirigentes políticos. Por isso, os mais assustados não apareceram com medo do protesto popular e até houve quem tivesse arranjado o pretexto de uma reunião em Bratislava para faltar. Nunca um Primeiro-Ministro do nosso regime democrático faltara às Comemorações do 5 de Outubro.
Tal como a bandeira ou o hino nacionais, os factos e as datas históricas também têm um significado simbólico e a sua evocação deveria constituir um momento de unidade nacional e de mobilização em torno de novos objectivos e novos desígnios. Mas não foi. Salvou-se o discurso do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa a defender que há alternativa ao actual estado de desagregação - que há sempre alternativa - que o futuro não está no regresso à economia de baixo salário e que não podemos aceitar como coisa normal a fuga dos nossos jovens, nem ser apenas o bom aluno dos diktats europeus.
No estado de grande desorientação governativa e de grande perturbação popular em que vivemos, os dirigentes assustados passam, mas a República fica.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Este contabilista precisa de ser travado!

Ontem foi mais um dia negro para os portugueses e um dia de brutal violência para os trabalhadores e para os pensionistas! O contabilista gaspar apresentou mais um número de circo, ao anunciar um "aumento brutal de impostos", em que revelou novamente a sua insensibilidade social. Fê-lo com toda a naturalidade. Com frieza. Como se houvesse apenas a sua verdade. Sem imaginar o que vai ser o incumprimento fiscal que aí vem. Como diria o meu vizinho, este tipo é de uma estupidez brutal.
Contrariando as promessas eleitorais, que várias vezes foram reiteradas desde que este governo se instalou, os trabalhadores e os pensionistas vão viver pior, o desemprego vai aumentar e a confiança no futuro está fortemente abalada. Nem o défice nem a dívida públicas estão controlados. Lamentavelmente, para este fulano a especulação financeira e os chamados mercados estão em primeiro lugar. O nosso contabilista protege-os com o seu duplo emprego pois, simultaneamente, trabalha para nós e para eles. O povo português que sofra e que aguente. Que chatice haver povo! Que chatice haver povo que protesta!
Confrontado com os maus resultados das suas opções, o contabilista insiste desesperadamente numa estratégia que tem falhado. Não revelou criatividade, nem preparou medidas alternativas, nem foi fez qualquer negociação interna ou externa. Ao fim de um ano e meio de governo, não houve cortes significativos nas despesas do Estado, pois não tem havido coragem para enfrentar os interesses instalados. Continuam os lugares nas grandes empresas, os observatórios, os institutos, os estudos e pareceres, as empresas municipais, as passeatas a Bruxelas, as tournées do portas, os BMW, os Audi... Não há medidas de incentivo ao crescimento e ao emprego. O risco de ruptura social é enorme. Estamos cada vez mais pobres, mas há alguns que estão cada vez mais ricos. A paz política está ameaçada e a paz social está arruinada. A contestação está nas ruas e anda por toda a parte. Já ninguém acredita nesta gente, nem na sua impreparação. Temos um governo de chacota. De trapalhada. De irresponsáveis. Este contabilista e os seus amigos precisam de ser travados e postos na rua!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Viva o futebol lusitano!

A FIFA - Fédération Internationale de Football Association estabelece desde Dezembro de 1992, um ranking das selecções nacionais de futebol dos países seus associados com base nos resultados que obtém nos jogos que disputam. A selecção portuguesa aparece frequentemente nas primeiras posições e no ranking hoje divulgado, aparece em terceiro lugar, imediatamente a seguir às selecções da Espanha e da Alemanha.
É uma posição que, futebolisticamente falando, é muito honrosa para um país de 10 milhões de habitantes. Significa que somos bons e muito competitivos em futebol e isso recorda-nos que também somos bons em muitas outras coisas, sobretudo se formos devidamente dirigidos, o que com frequência não tem acontecido ao longo da nossa história de novecentos anos.
Para que conste, Portugal está colocado em terceiro lugar no ranking da FIFA relativo a Outubro de 2012, embora os países de língua oficial portuguesa estejam colocados em posições mais modestas: Brasil (14º), Cabo Verde (51º), Angola (83º), Moçambique (99º), S. Tomé e Príncipe (132º), Guiné-Bissau (173º), Macau (198º) e Timor-Leste (206º).
Em tempos de dificuldade e de constantes anúncios de tempos ainda mais difíceis, este ranking da FIFA contribui muito para elevar a auto-estima portuguesa. É caso para dizer: viva o futebol lusitano!


 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Lusas vaidades e carros de gama alta

No contexto da nossa crise, o que está a acontecer no mercado automóvel é surpreendente e até parece um paradoxo, conforme revelam as Estatísticas de Vendas de Veículos Ligeiros de Passageiros divulgadas pela ACAP.
Entre Janeiro e Setembro do corrente ano verificou-se uma quebra de vendas de 39.7% relativamente ao mesmo período do ano anterior, o que não surpreende pois está em linha com a quebra de rendimento das famílias portuguesas. Porém, enquanto as vendas de quase todas as marcas automóveis estão a sofrer quebras muito acentuadas, as marcas de gama alta estão a ser menos castigadas, acontecendo inclusive que, entre as 34 marcas que venderam automóveis em Portugal no mês de Setembro, há duas que conseguiram aumentar as suas vendas, casos da BMW e da Audi, o que já surpreende.
As marcas mais vendidas em Setembro foram a Volkswagen (607), a Renault (563), a Mercedes (560), a Peugeot (555), a BMW (506), a Audi (471) e a Opel (380), o que significa que entre as sete marcas mais vendidas em Portugal estão cinco marcas alemãs, incluindo os fabricantes de gama alta – Mercedes, BMW e Audi – que, conjuntamente, têm uma quota de mercado de 25%. Note-se, ainda, que em Setembro foi vendido um Ferrari e 27 unidades da Porsche. É realmente surpreendente este resultado das vendas de veículos ligeiros de passageiros em Portugal no que respeita às marcas de gama alta, porque revela que a crise não é para todos e que há por aí muita gente, com muito dinheiro e com muita vaidade.

Entre a injusta legalidade e a imoralidade

O jornal i destaca hoje em primeira página que 17 ex-administradores da Caixa Geral de Depósitos recebem dois milhões de euros em reformas, embora a maioria continue no activo e a servir grandes empresas privadas. Certamente que não beneficiam de qualquer ilegalidade, mas seguramente que beneficiam de muita imoralidade. Trata-se de indivíduos que ocuparam lugares na administração da CGD por fidelidade partidária e não por mérito, independentemente de o terem ou não. Alguns deles não tinham qualquer formação ou experiência bancária. Muitas vezes não se sabe como essa gente chegou a esses posições, nem se procuraram apurar as suas responsabilidades nos descalabros, nas negociatas e nos favorecimentos em que a CGD esteve envolvida.
Mas a imoralidade não está apenas na CGD. Está também na EDP, na PT, na GALP, na CIMPOR, na LUSOPONTE, na MOTA-ENGIL e algumas outras empresas. São ex-ministros e ex-gestores públicos que se movem por aí, sem serem responsabilizados pelo que fizeram ou não fizeram no exercício de funções públicas. São um exemplo do proteccionismo de que beneficiam muitas figuras e alguns figurões da nossa República que, como agora se vê, fazem parte do grupo dirigente que têm conduzido a gestão do Estado e de algumas empresas públicas à melindrosa situação em que hoje se encontram.
Numa altura em que estão a ser cortadas as pensões de milhares de portugueses e já se anunciam novas medidas de austeridade, esta gente não tem vergonha nenhuma e, sem qualquer moralidade, acumula. Com este tipo de exemplos não sairemos desta situação e só aumentará a contestação e a revolta.



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Dia Mundial da Música

Hoje, dia 1 de Outubro, é o Dia Mundial da Música, uma data instituída em 1975 pelo International Music Council (IMC), uma organização não governamental criada pela UNESCO, que agrega a maior rede mundial de organizações, instituições e indivíduos que trabalham no campo da música, com o objectivo de promover a diversidade e o acesso à cultura musical para toda a gente.
O Dia Mundial da Música é cada vez mais celebrado em Portugal, como resposta ao interesse cada vez maior pela música e ao crescente número de escolas, conservatórios, academias musicais e bandas filarmónicas que, por todo o país, formam novos praticantes musicais. Muitas instituições, com particular destaque para as autarquias, promovem eventos musicais muito diversificados, não só sob a forma de concertos e recitais, mas também com outros tipos de apresentações, que traduzem um maior interesse pela música. Neste Dia a música toma conta de muitos palcos e ruas, quer na sua expressão erudita, quer popular. Não é apenas no Teatro Municipal de São Luiz, na Casa da Música, no Teatro Micaelense, no Museu do Oriente, no Centro Cultural Vila Flor de Guimarães, no Teatro Municipal Baltazar Dias no Funchal ou no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz. Muitos clarinetes, violas, violinos, trombones, violoncelos, trompetes, saxofones e flautas ouvem-se neste Dia e muitos jovens alunos das academias da música são apresentados ao público.
O Dia Mundial da Música vai ser celebrado em Almeirim, Peniche, Beja, Vila Nova de Gaia, Trofa, Póvoa de Varzim, Horta, Tavira, Viseu, Braga Cascais, Ribeira Grande, Alcobaça, Montijo, Alenquer, Santarém, Aveiro, Coimbra, Pombal, Angra do Heroísmo, Portalegre e muitas mais cidades e vilas portuguesas, a lembrar que há muitas coisas que correm bem em Portugal.