sexta-feira, 12 de maio de 2017

O Papa Francisco em visita a Portugal - II

O Papa Francisco chega hoje a Portugal para uma visita de cerca de 24 horas, em que estará em Fátima como peregrino.
Portanto, esta visita do “Papa argentino” tem um significado religioso, mas para além desse aspecto, tem também um importante significado político que interessa realçar.
O Papa Francisco é hoje o mais respeitado líder mundial que, através das suas exortações apostólicas e das suas encíclicas, sobretudo a Evangelli Gaudium (2013) e a Laudato Si (2015), tem expressado linhas de pensamento que pretendem dar uma renovada orientação à Igreja Católica, de forma a envolvê-la nos grandes desafios do mundo actual, o que parece não ser do interesse de muitos dos seus sectores, porventura mais conservadores ou mais distraídos com a evolução social do mundo. Essa também parece ser a postura mais comum da hierarquia da Igreja em Portugal, o que levou a revista Visão a dizer na sua última edição, que este Papa está muito à frente da Igreja portuguesa.
De facto, o Papa Francisco não se tem “escondido” dos problemas da Igreja e do mundo, nem tem ficado à espera das posições de Washington ou de Moscovo para tomar posições sobre os problemas da Humanidade. Assim, expõe o seu pensamento sobre a guerra e a paz, a pobreza e a desigualdade, o drama dos refugiados, a economia da exclusão e a idolatria do dinheiro, num continuado esforço pelo bem comum e pela paz social. Revela a sua preocupação sobre os cuidados a ter com a “casa comum”, fazendo duras críticas à devastação ambiental, ao modelo de desenvolvimento vigente e à falta de responsabilidade para com os mais pobres. Numa Igreja que muitas vezes tem esquecido os mais pobres e os mais desfavorecidos, o Papa Francisco parece erguer-se como um produto da Teologia da Libertação sul-americana, embora sem o seu conteúdo marxista.
Além de tudo isto, o Papa Francisco tem um estilo pessoal simples e austero, herdado da sua ordem religiosa, o que é do agrado dos portugueses. Num estudo recentemente divulgado, 91% dos portugueses consideram a acção do Papa Francisco como excelente ou boa e consideram-na inovadora ou revolucionária. Portanto, bem-vindo Papa Francisco!

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