domingo, 23 de julho de 2017

As eleições presidenciais em Angola

Depois de uma longa permanência no poder em Angola, o Presidente José Eduardo dos Santos marcou eleições presidenciais para o próximo dia 23 de Agosto e, depois de ter exercido o poder de forma autoritária durante quase 38 anos, decidiu não concorrer a mais um mandato. Abre-se, assim, um novo capítulo na história de Angola, até porque estão seis candidaturas no terreno, cujas propostas e programas vão arejar a sociedade angolana, permitir alguma reflexão e contribuir para que a vida angolana se torne mais democrática e mais transparente.
José Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto em 1979 e coube-lhe a missão de conduzir o MPLA nas lutas internas pelo poder e de dirigir o governo de Angola na construção de alianças estratégicas, na longa guerra civil e na luta pelo progresso do país. Foram demasiadas lutas e muitos anos de poder absoluto. Para enfrentar esses desafios rodeou-se de gente da sua confiança e criou uma élite a quem permitiu uma indevida apropriação do rendimento nacional e comprovadas práticas de corrupção, ao mesmo tempo que abusou do poder, o instrumentalizou em seu benefício e reprimiu todas as oposições. 
Porém, o afastamento voluntário de José Eduardo dos Santos da cena política não vai significar o fim do seu regime autoritário em que a vontade do chefe se sobrepõe à lei, porque as raízes criadas e os interesses instalados tudo farão para se manterem no futuro, até para se livrarem da responsabilização criminal e moral que não deixará de surgir.
O Jornal de Angola noticia hoje o início da campanha eleitoral, apresentando os candidatos e os seus tempos de antena na rádio e na televisão. Tudo parece normal. As seis candidaturas que vão a votos no dia 23 de Agosto são um sinal de esperança num futuro melhor para Angola e para as relações com Portugal.

1 comentário:

  1. Bom, parece que quem decidiu não se apresentar a um novo mandato não foi ele mas sim os anos e a saúde.
    Não sem primeiro se blindar convenientemente contra possíveis eventos futuros adversos, não vá o diabo tecê-las.

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