quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Angola e a memória do Cuito Cuanavale

A poucos dias de deixar a presidência de Angola, José Eduardo dos Santos inaugurou ontem o Memorial à Vitória do Cuito Cuanavale, um monumento que vai ficar a assinalar o maior confronto militar da guerra civil angolana e a homenagear os protagonistas dessa batalha que acabou por decidir o futuro da guerra e por influenciar o fim do regime do apartheid sul-africano e a independência da Namíbia.
O Jornal de Angola dedica toda a sua primeira página à inauguração deste monumento localizado exactamente no Cuito Cuanavale, que coincide com as homenagens que têm sido prestadas a Agostinho Neto, considerado o fundador da República e pai da Independência angolana.
Nessa batalha que ocorreu no sul de Angola entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988, considerada a maior batalha travada em África por dois exércitos regulares desde a segunda guerra mundial, confrontaram-se o exército angolano (FAPLA) e as Forças Armadas Revolucionárias de Cuba (FAR), assessorados por conselheiros militares da antiga União Soviética e, do outro lado, as forças da UNITA e o poderoso exército sul-africano. Embora a vitória tivesse sido reivindicada por ambas as partes, o facto é que esta dura batalha conduziu à assinatura dos Acordos de Nova Iorque, que levaram à retirada de tropas estrangeiras do território angolano, à independência da Namíbia, à libertação de Nelson Mandela e ao fim do apartheid na África do Sul.
O monumento ontem inaugurado tem uma concepção desajustada das correntes escultóricas mais modernas, mas tem um simbolismo histórico muito importante para Angola, pois enriquece o lugar de reflexão e memória que são os 3,5 hectares de extensão da praça memorial onde se encontram outros monumentos e "eterniza" a memória dessa grande epopeia militar angolana. Assim, Angola alimenta as memórias que fazem a sua História.

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