sexta-feira, 4 de maio de 2018

O fim da ETA e o tempo novo no Euskadi

A Euskadi Ta Askatasuna, mais conhecida pela sigla ETA, que lutou durante cerca de seis dezenas de anos pela independência do País Basco, anunciou ontem a sua dissolução definitiva e muita gente respirou de alívio, embora a generalidade da imprensa e dos partidos políticos critique o comunicado de dissolução por esquecer as vítimas.
A ETA nasceu em 1959 como uma organização de defesa da cultura basca, mas alguns anos depois tinha evoluido para uma organização paramilitar separatista que pegou em armas para conquistar a independência de uma região histórica cujo território se distribui entre a Espanha e França.
Ontem em Genebra e perante “diferentes personalidades”, dois históricos militantes da ETA – Josu Urrutikoetxea ou ‘Josu Ternera’ e Soledad Iparraguirre ‘Anboto’ leram uma “Declaración final de ETA al Pueblo Vasco”, em castelhano, basco e francês, em que a organização socialista revolucionária basca de libertação nacional informou o fim da sua trajectória política e militar e o total desmantelamento de todas as suas estruturas. Para trás ficaram 853 mortos e mais 6.389 feridos pelas acções da ETA, além das vítimas associadas aos 79 sequestros praticados pela organização.
Porém, os “sobreviventes” da ETA prometem continuar a sua luta pelo ideal da independência do País Basco, em termos semelhantes ao que está a acontecer com “el procés” na Catalunha, mas existe a convicção de que depois de seis décadas de perturbação e de terrorismo, ninguém vai querer ouvir falar desta gente durante muitos anos. Aliás, os títulos dos jornais espanhóis são unânimes na condenação do triste final da ETA, que foi derrotada e que enegreceu ainda mais o seu historial, mostrando uma enorme frieza e falta de vergonha ao ignorar as suas vítimas, como denuncia El Diário Vasco de Bilbau.

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